

Jornalista de El Salvador diz que foi deportado dos EUA por reportar prisões de imigrantes
O jornalista de El Salvador Mario Guevara disse, após chegar ao seu país, que foi deportado dos Estados Unidos por reportar o que chamou de "prisões injustas" de imigrantes.
Guevara estava sob custódia desde junho, após ser detido na região de Atlanta, Geórgia, enquanto transmitia ao vivo, em seu canal MG News, um protesto contra as políticas migratórias do governo americano.
"Não fui deportado por ser um criminoso", declarou o jornalista, 48, com os olhos marejados e aparentando exaustão. "Foi isso que levou à minha deportação, o fato de reportar as injustiças, as prisões injustas que aconteciam", afirmou Guevara, que chegou ao seu país sem bagagem, apenas com o capacete e colete de proteção da imprensa que usava no dia em que foi detido.
Outros 117 salvadorenhos foram deportados no mesmo avião. Em uma ação incomum, autoridades retiraram Guevara do aeroporto de San Salvador separadamente dos demais deportados, e o transferiram para a localidade de Olocuilta, onde ele era aguardado por familiares.
Nos Estados Unidos, o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) destacou hoje que esta é "a primeira vez que se documenta esse tipo de represália relacionada com a atividade jornalística".
O Departamento de Segurança Interna (DHS) não respondeu ao pedido de comentários feito pela AFP.
Especializado em temas migratórios, Guevara, ganhador de um prêmio Emmy por suas coberturas em 2023, chegou em 2004 aos Estados Unidos com um visto temporário.
Posteriormente, tentou regularizar sua situação, mas não havia conseguido até o momento de sua detenção, segundo documentos judiciais.
Segundo Katherine Jacobsen, representante do CPJ, "não se trata simplesmente de seu status migratório", mas de "represálias por seu trabalho jornalístico". Essa medida representa "um sinal preocupante da deterioração da liberdade de imprensa sob o governo Trump", comentou.
Autoridades detiveram Guevara perto de Atlanta em 14 de junho enquanto ele cobria as manifestações "No Kings" (Sem reis), a maior mobilização popular desde a volta de Trump à Casa Branca, em janeiro.
Inicialmente, ele foi acusado de delitos menores relacionados com seu trabalho (reunião ilegal, obstrução, presença de pedestre na via pública, etc). Estas acusações foram retiradas posteriormente, segundo documentos da Justiça.
F.W.Simon--LiLuX