Trump cogita realizar ataques a cartéis no México e a dialogar com Maduro
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, indicou nesta segunda-feira (17) que autorizaria um ataque americano em solo mexicano contra cartéis de drogas se for necessário, e acrescentou que, "em algum momento", falará com seu par venezuelano, Nicolás Maduro.
Em meio aos bombardeios americanos no Caribe e no Pacífico contra lanchas que, segundo Washington, transportam drogas, o mandatário foi perguntado por repórteres no Salão Oval sobre sua ofensiva contra o narcotráfico.
Questionado se aprovaria uma operação antidrogas dos Estados Unidos no México, o republicano respondeu: "Lançaria ataques no México para deter [o tráfico de] drogas? Está bem para mim. O que for necessário para deter as drogas".
"Não disse que farei, mas estaria orgulhoso de fazer. Porque vamos salvar milhões de vidas ao fazer isso", enfatizou.
Trump tem criticado o México por considerar que o país não faz o suficiente contra os cartéis de drogas.
- Pressão sobre a Venezuela -
O republicano também aumentou drasticamente o número de forças americanas no Caribe com o argumento de enfrentar traficantes de drogas baseados em vários países da América Latina, incluindo Venezuela e México.
Questionado sobre o presidente venezuelano, afirmou: "Em algum momento, falarei com ele", embora Maduro "não tenha sido bom para os Estados Unidos".
E ao ser perguntado se descartava o envio de tropas americanas à Venezuela, Trump respondeu: "Não, não descarto. Não descarto nada."
Maduro deu uma resposta a Trump ainda na noite desta segunda, ao afirmar que seu governo mantém a posição "invariável" de dialogar "cara a cara" com o presidente americano.
"Este país está em paz, este país vai continuar em paz. E, nos Estados Unidos, qualquer pessoa que queira conversar com a Venezuela, conversará, 'face to face', cara a cara, sem qualquer problema", disse Nicolás Maduro durante o seu programa semanal de televisão.
"Eu já disse isto em inglês, e repito sempre. Diálogo. Como se diz diálogo em inglês? Diálogo, diálogo, diálogo, diálogo, diálogo... Yes, peace, war no, never, never war [Sim, paz, não à guerra, nunca, guerra nunca]", acrescentou.
Essas declarações acontecem em meio a tensões pelo destacamento militar americano no Caribe.
A Venezuela vê essa operação como um passo para derrubar Maduro, acusado por Washington de liderar uma organização "terrorista" dedicada ao tráfico de drogas, o que o presidente venezuelano nega.
"Temos que nos ocupar da Venezuela", afirmou Trump. "Eles enviaram centenas de milhares de pessoas de suas prisões para o nosso país", assegurou.
Em meio a essa disputa, a primeira-ministra de Trinidad e Tobago, Kamla Persad-Bissessar, aliada do presidente Trump, garantiu nesta segunda que Washington "nunca pediu" para usar o arquipélago para lançar ataques contra a Venezuela, enquanto militares americanos realizam exercícios neste país insular situado a cerca de 10 km do litoral venezuelano.
"Os Estados Unidos NUNCA pediram para usar o nosso território para lançar ataques contra o povo da Venezuela. O território de Trinidad e Tobago NÃO será usado para lançar ataques contra o povo da Venezuela", escreveu a primeira-ministra à AFP em mensagem no WhatsApp sobre os exercícios militares conjuntos.
O destacamento militar americano no Caribe e no Pacífico inclui um grupo composto por um porta-aviões, navios de guerra e vários aviões de caça.
Os Estados Unidos acumulam mais de 20 ataques a embarcações na região, com pelo menos 83 vítimas mortais.
G.Muller--LiLuX